O uso político das Forças Armadas – e outras questões militares é um livro de impacto, instigante, questionador, revelador. O seu título já aguça a curiosidade em relação a tantas questões militares que chegam à sociedade civil de modo confuso ou pelo menos nada esclarecedor. O professor e promotor da Justiça Militar João Rodrigues Arruda encara de frente esses temas e os explica objetivamente. Como tão bem diz o prefaciador, Wálter Fanganiello Maierovitch, “com isenção, mostra o “jogo político” dos governantes, infelizmente nada preocupados em expor as Forças Armadas a aventuras e ao desprestígio”. O tema da atuação das Forças Armadas em intervenções federais ou o seu emprego no combate ao crime organizado, por exemplo, é dissecado pelo autor, que aponta claramente e com exemplos de situações que vão de 1892 a 2004 os vários deslizes no sentido de dar poder de polícia às Forças Armadas. E conclui: não importa as formas utilizadas para o uso político das Forças Armadas (...), “uma vez que o fim visado é ilícito, ou seja, burlar a Constituição”. O autor aborda várias outras questões, como a de o Poder Judiciário estar sendo acionado cada vez mais freqüentemente por militares subordinados para discutir decisões internas que entendem ilegais, a Operação Tabatinga realizada pela Marinha, o abate de aeronaves no combate ao narcotráfico, etc., sempre com uma linguagem acessível e esclarecedora à luz da Constituição. Para todos os que querem entender e refletir sobre como aperfeiçoar o Estado de Direito no País e educar visando a liberdade democrática, este livro certamente será uma referência. João Rodrigues Arruda nasceu no Rio de Janeiro, em 1938. Em 1957, foi incorporado na atual Brigada de Infantaria Pára-quedista para prestar o serviço militar como soldado, tendo ido para a reserva, a pedido, em 1985, no posto de primeiro-tenente . Em 1998, fundou o Centro de Estudos de Direito Militar (CESDIM), do qual é o atual Coordenador Acadêmico. Bacharel em Direito e Mestre em Direito do Estado, foi professor, durante dez anos, de Direito Penal Militar. Ingressou por concurso no Ministério Público Militar em 1992 e está lotado no 2º Ofício da Procuradoria da Justiça Militar no Rio de Janeiro. Em 2002, concluiu o Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia, da Escola Superior de Guerra.